Na última quarta-feira, dia 01/04/15, foi debatido no Senado um projeto que exige percentual mínimo de 35% de cacau puro nos chocolates comercializados no país. O projeto é da Senadora Lídice da Mata, que acredita que assim estaríamos alinhados com EUA e Europa quando o assunto é chocolate.

Segundo ela, a cadeia produtiva do chocolate movimenta 12bi ao ano, sendo o Brasil o terceiro maior consumidor e o quinto maior produtor de cacau no mundo.

Com este posicionamento, é triste que o Brasil fabrique e aceite vender produtos tão ruins como estamos tão acostumados!  Até marcas mundialmente conhecidas por sua qualidade abrem fábricas no Brasil aproveitando-se da fraqueza desta lei para produzir um produto de qualidade inferior, levando o consumidor a crer que foi “adaptado ao paladar brasileiro”.

A Senadora defende que esta medida é importante justamente para aumentar o espaço do produto brasileiro no mercado mundial. Apesar de apoiada pelos produtores de cacau, a indústria mostrou restrições quanto a medida, alegando o enquadramento demandar muito esforço.

Mas qual mudança não demanda esforço, minha gente?

Ahhh não, teremos que nos adaptar!

Ahhh não, teremos que nos adaptar!

A Lei.

Além de delimitar o percentual mínimo de cacau no chocolate, o projeto também visa definir o que exatamente é chocolate e parâmetros para outros derivados do cacau.

A definição atual da ANVISA para chocolate é: “Produto obtido a partir de uma mistura de derivados de cacau, líquor de cacau, cacau em pó e/ou manteiga de cacau e outros ingredientes, contendo no mínimo 25% do total de sólidos de cacau.”

muito vago...

Mais vago impossível, né?

A nova definição proposta é“produto feito de cacau e açúcar, contendo no mínimo 35% de sólidos de cacau, 18% de manteiga de cacau e 14% de matéria seca oriunda de cacau e livre de gorduras”.

Muito melhor, porém 35% + 18 %+ 14% = 67%…. Esperamos que os outros 33% sejam usados com carinho.

Ingredientes do chocolate

Sólidos de Cacau, Manteiga de Cacau e açúcar.

A medida também propõe que produtos que contenham menos de 20% de cacau mais ingredientes adicionados como oleaginosas, mel e outros ingredientes, devam trazer o aviso: Este produto não é considerado chocolate de acordo com a lei Brasileira”.

A lei também tornará mandatório informar a percentagem de cacau nos rótulos, sob pena de multa para empresas nacionais e internacionais que vendem seus produtos por aqui, incluindo as grandes marcas que dominam o mercado atual: Arcor, Brasil Cacau, Cacau Show, Garoto, Hershey’s, Kopenhagen, Lacta e Nestlé.

Leia também:  Os Benefícios do Chocolate para a Saúde: O que Você Precisa Saber

Denominação.

Outros produtos Derivados de Cacau também estão compreendidos no projeto, ganhando novos parâmetros e denominações:

Cacau em pó – Produto obtido do processamento das amêndoas de cacau, contendo pelo menos 20% de manteiga de cacau e no máximo 9% de unidade.

Chocolate em pó – Mistura de cacau em pó com açúcares com pelo menos 32% de matéria seca advinda do cacau.

Chocolate ao leite – Produto contendo pelo menos 25%  do total de matéria seca advinda do cacau e no mínimo 14% de leite em pó.

Chocolate Branco – Um produto sem corantes, composto de manteiga de cacau, acúcares e leite, com pelo menos 20% de manteiga de cacau e 14% de leite.

Chocolate composto (fantasia)O que temos hoje. Produto composto por menos de 20% de cacau adicionado de outros ingredientes.

Bombom – Deve ser pelo menos 40% de seu peso composto de chocolate, e o recheio deve ser claramente identificável da casca.

Agricultores comemoram.

Para os produtores, a expectativa é o aumento da demanda por cacau e a venda por melhores preços.

Segundo a CEPLAC, a produção de cacau em 2014 foi estimada em 290 mil toneladas. A maior concentração se dá na Bahia (63%) e Pará (35%), em menor escala nos estados de Rondônia, Amazonas, Espírito Santo e Mato Grosso.

A Bahia mostra uma forte tendência de recuperação (da devastação causada pela Vassoura de Bruxa), enquanto a produção na Amazônia está em franca expansão.

O instituto alega que os produtores recebem por volta de 3% do valor obtido pela venda de chocolate – menos que os 5% que o governo abocanha. O resto é dividido entre os beneficiadores, transporte, fábricas e os atravessadores.

Leia também:  O que significa o termo bean to bar?

Opinião.

Ok, existe uma distância enoooorme entre um debate de projeto de lei e a aplicação da mesma – além de muitos interesses envolvidos. Mas vejamos o lado bom: já é um primeiro passo para deixarmos de sermos reconhecidos somente pelo Cacau Commodity, mas também mostrar ao mundo que sim, nós sabemos fazer chocolate, e sim, sabemos aprecia-lo em sua melhor forma.

(Adaptado ao paladar brasileiro é uma ova!)

http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2015/04/01/cae-debate-regras-para-producao-e-comercio-de-chocolate

What exactly is chocolate? Stricter definition of chocolate debated in Brazilian Senate.

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *